segunda-feira, 16 de março de 2015

Infinito Outubro (2007)



(Capa)

Todas as músicas; Todas as letras, exceto "Silêncio!", Almachio Bandeira Braule Pinto Filho, 1978; Capa, "O Infinito" (2006); Contra-capa, "Plumbum Plume" (2009); Arte Final do Encarte; Edições de Áudio; Vozes, Guitarras, Baixo, Bateria e Teclados Eletrônicos (Piano Eletrônico 2.5): Juliano Berko.

(38' 32''. Juliano Berko, 2007)

O conceito deste álbum surgiu-me por acaso, já depois de 2008, quando revisitara todo o acervo que havia do período 2004-2007, costurado pela demo gravada em janeiro de 2007 no estúdio Musik Hall (de um cidadão conhecido por "Fred Mika") em Goiânia, com apenas voz e violão. Gravei tudo novamente depois em Brasília, 2009/2010 – quando verti os arranjos para guitarra+baixo. Boa parte destas músicas foram compostas em outubro de 2006, enquanto cursava o 3º ano do ensino médio. Durante as aulas de redação (que eram chatíssimas...), sob inspiração da poesia concreta – bem basicamente, referenciado no livro “As Coisas”, do Arnaldo Antunes e folheamentos dos 'cânons' da proposta estética – ficava criando versos sobre diversos temas que me surgiam ali: as folhas do caderno e as folhas das árvores vistas da janela; a sombra da árvore no horário do almoço entre os turnos de aula; a vista da janela ao sul da sala, que me lembrava demais... Daí vieram também "Os dias", “Considerações", "O Infinito". “Pra Ser Verdade” é de dezembro, numa noite de insônia, ouvia rádios e, de repente, escrevi a letra em 5 minutos... "Espectro", por fim, letra de 2007 e música de 2009. “A Carta Bomba”, vertida pro inglês, de 2004. Como diz aquela canção do Who, "music's an open door”. E este álbum considero o primeiro clarão que tive, um vislumbre sobre a arte que dá sentido à vida, que pulsa no corpo, corta como navalha e faz sangrar um sangue vermelho de orgulho, de ferro.


Juliano Berko.
061-85156753
julianoberko@gmail.com
http://oversolanoverso.blogspot.com/

01. Introdução: Considerações




Introdução: Considerações

O frio é a falta de calor
O silêncio é a falta de som
A solidão é a falta que restou
Do amor
A consciência é a falta de sono
A inconsciência é a sobra de sonhos

02. O Infinito




O Infinito

O verso lá no verso é o avesso
O infinito é o infinito até o fim

E o sol vai nascer,
E o sol vai morrer,
Tudo, não tem fim.

03. Pra Ser Verdade



Pra Ser Verdade

Sentidos para serem sentidos
(Versos que serão repetidos)
O que nos interessa?
O que ainda nos resta?
Sonhos a serem realizados.
Noites de sono passadas em claro,
é claro que não...

Pra ser verdade
não basta ser bom,
tem que ser bom demais
pra ser verdade.

Sentidos a serem seguidos:
Placas, padrões, partidos!
Em que ainda há sentido?
(Os versos serão abolidos)
Sonhos a serem sonhados e só.
Lábios e laços do mesmo lado,
lado a lado ou não...

Pra ser verdade
não basta ser bom,
tem que ser bom demais
pra ser verdade,
na sua versão de verdade,
na sua aversão.

Os versos ainda virão

04. "Silêncio!"




'Silêncio!'

Silêncio, silêncio total...
Só ouvia os ruídos da
Minha consciência.

Lá fora os pássaros não cantavam,
O vento não soprava,
Não havia raios, nem tempestades.

- Seria a paz com que tanto o homem sonhava?
Ou seria a pausa
Para a destruição?

Silêncio, silêncio total...
Só ouvia os ruídos da
Minha consciência.

Lá fora estava tudo
Parado – Aviões, carros,
Buzinas, as pessoas!

- "O que estaria havendo, meu Deus?"
Perguntou a minha consciência.

A resposta foi...
Silêncio, silêncio total...
Até os ruídos da minha
Consciência haviam desaparecido!

Dormira sobre a maquina
No esforço supremo de atender a um pedido.

Silêncio, silêncio total...

05. As Folhas




As Folhas

As folhas são brancas
As folhas são verdes
As folhas foram poucas
As folhas estão soltas
As folhas estão à vista
As folhas foram escritas

06. O Céu



O Céu

O céu
pode ir longe
mais ou menos
até o horizonte.

O céu
pode ser em paz
azul ou alaranjado
tanto faz.

O céu
pode não ter cor
como nas mais altas noites
ou nos dias de dor.

O céu ao sul
me lembra demais.
O céu acima
me deixa jamais.

O céu pode não ter sentido
O céu pode não dizer nada
O céu pode não ser o que eu digo
Mas das tuas barreiras
O céu é o limite
O limite do céu
vai além do infinito.

07. Os Dias




Os Dias

Os dias passam lentos
Os dias são iguais
Os dias não se prendem
Os dias se escorrem
Os passam em branco
Os dias vêm inertes
Os dias em suas horas
Os dias que já foram embora

Os dias e as suas voltas
Os dias e as suas cópias
Que os dias saiam de mim
Que se desprendam da minha memória
Os dias me recitam os versos
Os dias me dosam a dor
Os dias eu olho e não vejo
Não vejo traços, não vejo cor

Com todo o cansaço
Os dias são o tempo passado
Com tudo a esperar
Os dias serão o tempo a passar
Os dias ainda com esperança
Os dias que repetem os dias
Os dias em que não há sentido
São os dias em que nós não sentimos mais nada

08. Sobre As Sombras




Sobre As Sombras

Nenhuma sombra é
suficiente
Contra o calor
Latente.

Sem sombra sobra
Sol
Com sobras sobram
Sombras.

Sobram pensamentos
E não
V a z i o s!
Pensa mente!
Busca sentidos!

Sombra é sorte:
Ter um lugar à sombra.

Sombra é abrigo,
Sobra consigo
O Sol.

09. The Letter Bomb



The Letter Bomb

Our war, your land
Your war, our land
So, who with iron hurts
with the iron will be hurt

Flowers Fields?
Where born money?
Whatever you do, Arafat died
And Bush is alive:
A big boom in the minds
Of who would read
Who didn’t but doesn’t know how

BANG BANG release the loose cannon
From the dealer on the corner
At the vandal over the Wall
To slums from asphalt
The apolitical dirt
Nonpolar, stuck

Metal tune sounds molten
From volcanic eruption
At the east Pacific islands,
At northeast Atlantic
At least in South America

10. Os Olhos




Os Olhos

No claro
Os olhos abertos
São claros
No escuro
Os olhos fechados
São escuros
No escuro
Os olhos abertos,
Que estão mais claros
Do que os olhos
fechados no claro,
Sangram.

Os olhos estão chorando.

Na grama
Os olhos verdes
Não se vêem
No céu
Os olhos azuis
Também
No dia-a-dia
Os olhos castanhos
(No cotidiano);
Os olhos castanhos
Verdes e azuis
Também sangram.

11. Segundos




Segundos

Os segundos
Vêm primeiro
Que os minutos.
Muitos segundos
tem um minuto.
Muitos minutos
tem uma hora.

E ainda tem segundos
E milésimos de segundo.

Os segundos
Vêm primeiro
Que os terceiros
Mas vêm antes
Dos primeiros.

Tempo,
O que é ganhar?
...
O que é ganhar tempo?
Tempo,
O que é perder?
...
O que é perder tempo?

20:07, 21 de março, 2007.
Terça-feira

12. Espectro



Espectro

Sabes o por quê
de meu sangue ser
Vermelho?
É porque nele corre muito orgulho
(De ferro)
E compostos ferrosos
Refletem luz
Em Rubra frequência

13. Considerações Finais




Considerações Finais

Não se gosta de jogos por não saber jogar
Não se entende a dor por não saber sangrar
Não se aprecia o amor por não saber amar
Não se sabe viver por não saber aprender
E ensinar.